domingo, 16 de outubro de 2011

O chamado de David

“Porém, agora, não subsistirá o teu reino; já tem buscado o SENHOR para si um homem segundo o seu coração e já lhe tem ordenado o SENHOR que seja chefe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou” ( 1 Sm 13.14).
VERDADE PRÁTICA
A vocação de Davi atendeu ao propósito divino de preservar o povo escolhido e a linhagem real do Messias.
INTRODUÇÃO
Não há dúvida de que a história de Davi é uma das mais belas e instrutivas da Bíblia. Somente ele é denominado nas Escrituras de o homem segundo o coração de Deus (l Sm 13.14). O moti­vo dessa consideração deve-se ao fato de que Davi sempre estava disposto a cumprir a vontade do Todo-Poderoso (At 13.22). Para nós, que conhecemos a providência divina, sabemos que Davi surge como um homem escolhido pelo Senhor para cumprimento de seus propósitos.
I. AS CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE DAVI FOI CHAMADO
Em meio a uma crise espi­ritual. De certa forma, a vocação ou o chamado de Davi por parte de Deus externou-se a partir da rejeição de Saul pelo Senhor (l Sm 13.13,14; 15.26-­28). É preciso lembrar-se que, antes de ter um rei, o povo de Israel possuía uma liderança teocrática, formada por juízes escolhidos por Deus, os quais defendiam suas causas (Jz 2.16-19). Não obstante, a vontade de Israel ma­nifestada publicamente naqueles dias (cf.1 Sm 8.1-22), foi esquivar-se do sistema político da teocracia para se tornar uma monarquia como as nações incrédulas vizinhas (l Sm 8.1-7,19-22). A vontade do povo não era apenas a de ter um rei, mas de se tornar "como as outras nações" (v.20). Não era, portan­to, apenas por uma simples mudança de regime que o povo estava ansiando, mas por uma troca de governante. Aquela má escolha deixou o profeta Samuel alarmado e triste (1 Sm 8.6).
É nesse contexto que vemos, na história bíblica, surgir Saul (1 Sm 9.1-27), alguém que preenchia os requisitos e as expectativas do povo (1 Sm 8.4-6). Muito cedo em seu governo Saul demonstra não ser um homem dis­posto a buscar a direção de Deus para dirigir Israel (1 Sm 13). Samuel logo observou ser Saul um rei carnal, fraco, desobediente e sem espiritualidade, e, portanto, desqualificado como líder do povo eleito de Deus (1 Sm 13.14; 15.26-28). O maior problema era que um fracasso iminente do rei significava a derrocada de toda a nação. E isso, infelizmente, não tardou acontecer. Saul assemelhava-se a uma árvore, cujas raízes foram cortadas, perma­necendo com sua folhagem verde por algum tempo. E é neste contexto que o Senhor buscou "para si um homem" que lhe agradasse e que se tornaria príncipe sobre o seu povo (1 Sm 13.14). E Davi era esse homem escolhido (1 Sm 16.12,13).
Hoje, assim como naquela épo­ca, a obra de Deus sofre, em certos lugares, por desobediência de alguns que chegam a "ensinar" somente por obrigação e vontade humana sem, contudo, ter a aprovação de Deus. Entretanto, não é possível alguém permanecer à frente da obra Deus e ir muito longe se os seus fundamentos espirituais foram derrubados.

A gravidade da crise.
Dian­te de uma crise de tal gravidade que se abateu sobre a liderança do povo de Deus, Samuel chorava não so­mente a queda de Saul, mas também se preocupava com a lacuna gerada por sua rejeição definitiva. Deus, que controla as situações, declarou a Samuel que já havia se provido de um rei (1 Sm 16.1).
Em toda a história bíblica, é possí­vel verificar esta forma de Deus tratar com o seu povo. Durante a peregrina­ção no deserto, vemos como o Senhor não aceitou a desobediência de Moisés, impedindo sua entrada na Terra Pro­metida (Nm 20.11,12; Dt 32.51,52). Mesmo não permitindo que Moisés em sua rebeldia continuasse a governar o seu povo e entrasse em Canaã, o Todo-­Poderoso não desamparou a sua Tribo Nômade, pois já havia provido outro líder para finalmente introduzi-Ia na Terra Prometida (Dt 1.37,38).
II. A NATUREZA DA VOCAÇÃO DE DAVI
Um desígnio divino. No ensino revelado na Palavra de Deus, a vocação divina é um fato declarado e demonstrado entre o povo de Deus. Ele chama a quem quer, quando quer e capacita como quer e para o que quer. Essa verdade é demonstrada na vida do sucessor de Saul. Quando lemos o Salmo 89.20: "Achei a Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi", vemos claramente que Davi foi escolhido por Deus. Ele foi chamado ou "recebeu uma vocação" da parte do Senhor.
Em um contexto maior, é impor­tante entender que o Messias prome­tido ao povo de Deus seria um des­cendente da tribo de Judá e, portanto, Davi é parte direta do cumprimento das promessas divinas a Israel (ls 11.1,2;Jr 23.5,6; At 2.29,30; Rm 1.3). O primeiro versículo do Novo Testamento (Mt 1.1 ) enuncia o cumprimento desta profecia messiânica. No último livro da Bíblia, o próprio Senhor Jesus, o Messias prome­tido declara: "[...] Eu sou a Raiz e a Geração de Davi" (Ap 22.16). Tais textos são uma evidência do cumprimento da Aliança Davídica: "Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre" (2 Sm 7.16).

A resposta humana.
Um dos princípios da vocação divina é a sobe­rania de Deus (l Cr 28.4,5). Todavia, isso não significa que o Eterno não leve em conta a responsabilidade humana na realização de seus propósitos (l Cr 28.6,7).
Saul subiu ao trono em resposta à pretensão do povo (1 Sm 8.4-6), que, após ouvir a "descrição" divina do perfil do rei (1 Sm 8.9-18), res­pondeu categoricamente: "Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós tam­bém seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nos­sas guerras" (vv.19b,20). Assim, de acordo com o discurso do apóstolo Paulo na sinagoga de Antioquia, o Eterno deu Saul em resposta ao injusto clamor do povo e segundo o que eles idealizaram (At 13.21). Em seguida, Paulo declara que Deus "le­vantou como rei a Davi" (At 13.22). Enquanto Davi foi levantado em decorrência da vontade divina (1 Sm 13.13; 15.26-28; 16.1), Saul foi dado por Deus segundo o desejo de Israel de ter alguém com o perfil desse rei (l Sm 9.14-20; 10.17-27).
Isso mostra que a escolha divina de homens para o seu serviço leva também em conta a liberdade humana e não a invalida. Saul não estava pre­destinado ao fracasso (l Sm 13.13), tampouco Davi estava destinado ao sucesso continuamente (1 Rs 11.38). Contrastando a vida de ambos, observamos que os dois foram ungidos da parte de Deus por Samuel sob iguais condições de conduzirem o reino de Israel. Mas a forma como cada um procedeu ante a esse chamado foi muito diferente.
III. O PROPÓSITO DA VOCAÇÃO DE DAVI
Abençoar a nação judaica. Para entendermos o contexto da chamada de Davi, devemos levar em conta o caráter profético da nação he­braica: "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu concerto, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha" (Êx 19.5). Apesar de estar atualmente sob provação divina e temporária por causa de sua incredulidade, Israel continua a ser uma nação profética (Rm 11.15-­26). Deus escolheu Israel dentre os demais povos para que, através desta nação, tivesse lugar o seu maravilhoso plano de salvação para a humanidade inteira. Davi estava consciente disso ao exclamar: "E quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem Deus foi resgatar para seu povo?" (2 Sm 7.23a). Sob a Nova Aliança feita pelo sangue precioso do Filho de Deus (Lc 22.20), o Pai também tem um propósito especial com a sua Igreja, chamada de "Israel de Deus" (GI 6.16; 1 Pe 2.9,10).
Abençoar a humanidade.
Davi foi uma bênção para o seu povo porque estabeleceu um poderoso reino firmado em Deus e também deixou uma imensa riqueza espi­ritual e cultural, contida nos seus muitos maravilhosos Salmos (2 Sm 23.1,2). Além de rei de Israel, Davi foi também profeta de Deus (At 2.29,30; 2 Sm 23.2). Cristo Jesus, o legítimo herdeiro de Davi, abençoa­ria a humanidade com o seu reinado e domínio em todos os sentidos (Lc 1.32). Ele é Rei e brevemente reinará em dimensões nunca conhecidas entre os homens (Jr 23.5,6).
CONCLUSÃO
Vimos, pois, que a vocação de Davi fez parte da vontade de Deus, que na sua soberania e presciência escolhe a quem quer para a rea­lização dos seus desígnios. Nada está fora do seu controle e nada acontece sem a sua permissão. Mesmo em meio às crises e reveses da vida, Ele continua sendo Senhor da história.

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