quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Biografia de David Miranda ( fundador do ministério Deus é Amor)

David Martins Miranda

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David Martins de Miranda
Nascimento 04 de julho de 1936 (75 anos)
Reserva, Paraná
Nacionalidade Brasil
Cônjuge Ereni de Oliveira Miranda
Filho(s) David Miranda Filho, Daniel Miranda, Débora Miranda de Almeida e Léia Miranda Sóra
Ocupação Missionário Pentecostal
Filiação Roberto Miranda Ribeiro e Anália Miranda

Índice

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[editar] Introdução

Os relatos abaixo descritos e narrados, são parte de uma auto-biografia do próprio missionário David Miranda e alguns trechos são colaboração de pessoas de sua convivência em algum momento de sua vida.

[editar] Infância e adolescência

No município de Reserva, no Paraná, existia uma fazenda com o nome de Santa Helena. Esta fazenda era de propriedade da família Miranda, que estava composta por cinco membros: o casal senhor Roberto e dona Anália e seus três filhos Araci, Clodomiro e Juquinha. O sr. Roberto administrava a fazenda desde o cultivo da terra nas plantações, até a criação de gado e outros animais. A casa da fazenda era totalmente rodeada por pinheiros, que faziam um lindo contraste com a terra fértil e avermelhada do Paraná. Foi neste lugar maravilhoso, entre árvores, plantações e animais que eu nasci.
Meus pais não conheciam a Bíblia, mas por desígnio divino, deram-me o nome de David; sem nunca imaginar que aquele menino ao qual dona Anália, minha mãe, havia acabado de dar à luz, estava escolhido desde o ventre para ser o que sou hoje: “Um servo fiel do Senhor Jesus, que prega a cura divina e a libertação das almas”. Com a minha chegada, a família passou a ser composta por seis pessoas, mas ela ainda não estava completa. Mais tarde, viria mais uma menina por nome de Anani, a caçula da família Miranda.
Meus pais eram católicos, haviam aprendido a crer em Deus, de acordo com o ensino católico romano; cumpriam sua religião com o corpo, a alma e a mente. Eram sinceros naquilo que criam. Por esse motivo, a casa de meus pais foi por longos anos, a igreja católica e hospedagem para padres missionários que para lá se dirigiam. Era um lugar bastante afastado da cidade e o povo da redondeza se dirigia para lá de três em três meses, na época em que os padres missionários vinham celebrar missas, casamentos e batizados. Eu fui criado em um lar muito católico, de forma que mais tarde, eu também passei a ser católico apostólico romano, como meus pais e toda a minha família.
Nós éramos devotos de São Gonçalo do Amarante e todos os anos, no dia seis do mês de Agosto, realizavam uma grande e concorrida festa em homenagem ao “santo” da família. Esta festa era de grande importância para nós; e para que pudéssemos realizá-la, meu pai gastava vultuosa quantia em dinheiro. Fogos de artifício de toda espécie eram comprados, também matávamos várias cabeças de gado da fazenda para alimentar gratuitamente os romeiros que para lá se dirigiam, a fim de homenagearem São Gonçalo do Amarante.
Era formada no pátio da fazenda, uma enorme fogueira que me fascinava, a qual dávamos o nome de Caieira. Esta fogueira chegava a medir vinte metros de altura e era erigida bem alto para que pudesse iluminar à grande distância, a longa procissão que seguia para lá. Durante toda noite, enquanto a fogueira Caieira se mantivesse acesa, havia gente ao seu redor comendo e bebendo. Para se levantar a fogueira, eram gastos metros e metros de lenha, porém, meu pai não olhava o gasto, pois o “santo” homenageado, era o que recebia maior devoção de toda a minha família.
No decorrer da festa, a romaria tinha parte também no interior da casa, pois um dos cômodos, o mais amplo, era o santuário da família. Era neste cômodo que ficava o altar a São Gonçalo do Amarante. Quando a romaria passava a ter continuidade dentro da casa, nesse cômodo, dois violeiros ficavam de frente para o altar cantando as rezas do “santo”, enquanto duas filas, uma de homens e outra de mulheres, se colocavam atrás dessa dupla e dançavam a noite toda. Havia tanta reverência neste ritual, que ninguém dava as costas ao altar em nenhum momento sequer.
Em um determinado momento durante a festa, era levantado no pátio em frente à casa principal da fazenda, um mastro que era feito de pinheiro esquadrejado, pintado com mais ou menos, oito tipos de tintas em cores diferentes. A bandeira do “santo” era hasteada na ponta desse mastro e nesse instante, milhares de fogos de artifícios eram queimados. Isso causava tal barulho, que chegava a ensurdecer os que estavam mais próximos.
Eram tantos e tão diferentes os tipos de fogos soltos ao mesmo tempo, que formavam nuvens de fumaça no ar. Todos os anos, nós realizávamos essa festa e o mastro permanecia por dois ou três anos no mesmo local, sem cair, pois era de uma madeira muito forte e resistente. No outro ano, mesmo que o mastro do ano anterior não houvesse apodrecido, levantava-se outro ao lado daquele, por isso, às vezes chegávamos a ter até dois ou mais mastros num mesmo pátio, porque eles só podiam ser retirados dali, se estivessem caindo de podre ou velho.
Sem dúvida, essa era a maior festa realizada fora da cidade de Reserva e era a festa católica mais comentada da região. Quem a realizava era a fazenda Santa Helena, propriedade da minha família. Lembro-me que ainda adolescente, tornei-me congregado mariano e usava com orgulho, a minha fita azul ao pescoço, com a medalha da minha protetora; também minhas irmãs Araci e Anani, se tornaram filhas de Maria, a exemplo de minha mãe, a qual era apostolada. Eu aprendia com os padres missionários, nossos hóspedes, o catecismo e estudava com afinco as apostilas que eles me traziam; porém, nada disso me ajudou a evitar o mundo de pecado para onde me dirigi, mesmo sendo tão religioso.
Muito cedo comecei a fumar, beber, jogar e praticar todo tipo de atos que não agradam a Deus, sem receber nenhuma orientação de que deveria colocar um ponto final em tudo aquilo, porque eu estava a desagradar o Deus criador do homem.

[editar] Mudança e primeiro emprego

Eu e meus irmãos tínhamos grande admiração por papai e seguíamos sem pestanejar, a sua fé e crença, mas quando completei treze anos de idade, meu pai veio a falecer, o que fez com que nos sentíssemos meio desamparados; porém, não desanimamos e continuamos a morar na fazenda, fazendo o mesmo trabalho que ele desenvolvia.
Mamãe assumiu o controle de tudo, em relação à administração dos negócios, porque nós, por muito que quiséssemos nada podíamos fazer para ajudá-la nesta parte, então procurávamos ajudar nos pequenos afazeres, pois éramos todos menores de idade. Foi uma luta muito grande para mamãe, criar os filhos e assumir a fazenda, território masculino, sozinha.
Quatro anos após a morte de papai, anos de muita luta para mamãe, vendemos a fazenda e fomos morar em Monte Alegre, ainda no estado do Paraná.
Passei a trabalhar na fabrica de papéis Klabin. A sessão em que eu trabalhava era composta por aparelhos de alta precisão; estes aparelhos mediam toda a produção do maquinário, desde a chegada da madeira em estado bruto, até a saída dos papéis já prontos, das maquinas. Ali passei algum tempo trabalhando e mantendo ainda a doutrina que havia recebido em minha infância.
No mês de Abril do ano de 1957, minha mãe voltou a vender a outra casa em Telêmaco Borba, ainda no Paraná e fomos morar em São Paulo, para onde minha irmã Araci já havia ido.
Até então, eu ainda era congregado mariano e continuava a guardar nossa religião como sendo muito cara para mim. Respeitava os “santos” e guardava todos os dias consagrados a eles. Por outro lado, eu gostava de carnaval, freqüentava bailes, cinemas, circos, teatros, luta - livre e futebol. Na luta - livre, eu tinha um lutador predileto que era o mascarado; ele era um lutador diferente dos demais, lutava com uma máscara no rosto e ninguém o conhecia; isso o cercava de uma áurea de mistério que me fascinava, por isso eu gostava imensamente de vê-lo lutar. No Boxe, o meu boxeador predileto era o Eder Jofre. Eu tinha também um time de futebol de adoração, que era o São Paulo Futebol Clube. Quando o meu time ou a seleção brasileira perdia um jogo, eu chegava a chorar, devido ao meu fanatismo e adoração desenfreada por este esporte.
Mais ou menos no ano de 1957, minha mãe se converteu a Jesus. Minha irmã Araci, nesta época, já era crente há um ano e os meus outros irmãos, após a conversão de minha mãe, foram se convertendo; apenas eu resistia ao evangelho e continuava incrédulo.
Eu não queria acreditar, que mamãe, que era tão católica, havia se tornado crente; e ela, ao se converter a Jesus, abriu as portas da casa para que os crentes viessem visitá-la e realizar cultos domiciliares. Se ela, na incredulidade havia feito de nossa casa uma igreja católica, por que não torná-la agora em uma igreja evangélica? Mas eu não via o fato por esse ângulo e dentro do meu coração, me revoltava por ver minha mãe agindo dessa forma. Uma grande decepção invadia-me e sentia-me traído por minha família.
Eu pensava: “Como eles podem ter mudado tão facilmente de religião?” Eu considerava isso como uma afronta à memória e à religião de meu pai e pensava que se meu pai ainda estivesse vivo, mamãe não estaria agindo assim.
Eu ficava furioso ao ver os crentes todos os domingos em minha casa e para mostrar o meu desagrado e o quanto isso me irritava, assim que eles entravam na sala, ligava o rádio no meu quarto, sintonizava em uma emissora que estivesse ou fosse começasse a transmitir futebol e aumentava o volume na ultima altura; pensava que dessa forma, poderia perturbar o culto deles e fazê-los ir embora. Eu não dava a mínima importância a tudo aquilo que eles estavam falando sobre Deus e outras coisas mais e não me interessava sobre a conversa deles sobre Jesus Cristo. Era um incrédulo nato. Eles sem dizer nada apenas me suportavam e oravam a meu favor.
Outras vezes, quando eles chegavam a casa, eu saía; tinha que mostrar o meu desprezo por eles, então passava pelo local onde estavam, sem ao menos olhá-los. Enquanto eles ficavam em casa com mamãe, eu ia para a catedral católica Praça da Sé e ficava ali por muitas horas lendo catecismo e rezando; pedia aos "santos" que trouxessem de volta ao catolicismo, toda minha família e principalmente minha mamãe.
Certo dia, quando eu cheguei do trabalho, encontrei minha mãe vasculhando gavetas procurando santinhos de papel e se desfazendo deles, rasgando-os; também pegava as imagens de esculturas e preparava para quebrá-las, junto com os oratórios. Eu não queria acreditar no que meus olhos viam; então, sem poder presenciar por mais tempo tudo aquilo, profundamente magoado com mamãe, apanhei tudo de suas mãos e levei para o meu quarto, trancando-os lá. Meu quarto era pequeno e ficou repleto de idolatrias; eu mal tinha espaço para me locomover, mas estava satisfeito, eu havia conseguido salvar algumas imagens.
Cheio de revolta eu pensava comigo e dizia: “Que tipo de religião é essa, que não permite que se tenha em casa as imagens dos ‘santos’ que por tanto tempo haviam sido objetos de nossa adoração?” Na época eu não entendia que não era a religião de mamãe que proibia, mas a própria palavra de Deus é que condena; como está escrito: “Não farás para ti, imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra e nem nas águas debaixo da terra” (Deut5:8). Mas, por mais que eu tentasse, realmente não conseguia entender minha mãe; para mim, aquilo que fizera não tinha lógica nenhuma. Cheguei a pensar que mamãe estivesse mentalmente fraca.
As imagens que eu havia levado para o meu quarto, eram muitas e algumas possuíam até setenta e cinco centímetros de altura. Às vezes, ao acordar de madrugada no meu quarto, me assustava com as imagens, pensando que pudessem ser pessoas que haviam entrado sorrateiramente.
Minha revolta contra mamãe aumentava a cada dia, pois já há alguns meses, eu vinha sentindo uma angústia desesperadora e culpava minha mãe, achando que a minha inquietação era porque ela permitia que os crentes viessem à nossa casa para realizar cultos. Eu não entendia ou não queria entender, que tudo aquilo de anormal que eu estava sentindo era a voz de Jesus e sua mão de poder, já trabalhando em minha vida para trazer-me para seu rebanho.
No início do ano de 1958, eu tomei a decisão de abandonar o meu lar e esperava uma oportunidade para fazê-lo (a luz não tem comunhão com as trevas). No dia seis de julho desse ano, quando eu voltava de uma matinê dançante para casa, vinha pensando em uma maneira de poder escapar do meu lar sem que ninguém notasse; eu havia decidido ir embora de casa naquela noite mesmo. Dois dias antes, eu completara vinte e dois anos, portanto, nada me impedia de viver a minha vida.
Pensando assim, eu andava depressa, queria chegar logo à minha casa, pegar minhas coisas e sumir. Eu ia pensando comigo mesmo: “Nunca mais verei esses crentes na minha frente, nem perto de mim e muito menos junto comigo numa mesma casa”. Ah, como eu me enganava! Aquela havia sido uma decisão diabólica, tomada minutos após eu haver saído de uma matinê.

[editar] Conversão

Era por volta das dezenove horas, eu vinha pela Estrada da Conceição, em Vila Munhoz, São Paulo; como sempre, procurava uma festa, quando fui surpreendido por um cântico; pensando tratar-se de um baile ou coisa parecida, parei para ouvir o que era aquilo. Muitas vozes cantavam ao mesmo tempo; “ A graça de Jesus, jamais me faltará, jamais me faltará”.
Eram vozes de homens e de mulheres, e cantavam juntos; quando pude perceber, eu estava em frente a uma igreja de crentes. Lutei para fugir daquele local e pensava comigo mesmo: “Mas como é que eu fui parar justamente nesta porta? Eu estou acostumado a passar por este local e sempre neste trecho, eu atravesso para o outro lado da calçada; como é que hoje, eu não desviei o caminho?”
Não conseguia dar nenhum passo que me levasse para longe dali; minhas pernas pareciam de chumbo e como que guiado por uma mão misteriosa, entrei e sentei-me tremendo da cabeça aos pés. Eu que era vaidoso e soberbo e ainda por cima, não gostava dos crentes, ao ouvir aquele corinho, senti algo diferente e estranho, como eu nunca havia sentido até então na minha vida; e, apesar de minha vaidade e do espírito soberbo, entrei naquele salão de culto onde só havia crentes pobres e humildes.
Ao entrar no local, notei que todos olhavam para mim; alguns, disfarçadamente, outros, abertamente. Eu creio que eles olhavam para mim e pensava que eu era um doutor, pelo modo como eu me trajava. Eu estava muito bem vestido, pois estava vindo de uma matinê dançante.
Quando eu me sentei num dos bancos daquele salão, uma voz começou a penetrar nos meus ouvidos, tentando me persuadir a sair dali e dizia: “Vá embora, não há ninguém aqui que pertença ao mesmo nível que você; aqui não há ninguém que pertença à média ou à alta sociedade; esse não é o seu ambiente”. Tentei me levantar e sair dali, mas era como se alguém me segurasse; tentei me levantar e novamente não consegui. Hoje eu sei que era o Espírito Santo de Deus, lutando por mim.
Permaneci naquele local até o final do culto, muito embora eu não os acompanhasse nos glórias as Deus e aleluia e nem ao menos cantasse os corinhos e hinos; eu era soberbo demais para isso e cria que aquilo eram atos de pessoas sem respeito. Pensava comigo mesmo: “Onde já se viu bater palmas e fazer tanto barulho dentro de uma igreja? O que eu não sabia, é que aquelas pessoas estavam apenas manifestando a alegria que o crente fiel a Deus sente, ao prestar-lhe um culto. O que eu não entendia, é que aquele povo apenas demonstrava imensa alegria de servir a Deus e cheios do Espírito Santo, faziam o pequeno salão estremecer com os seus louvores. Isso era algo que eu não entendia, pois o homem natural não entende esses mistérios de Deus.
Após os louvores, foi concedida a palavra ao pastor que iria trazer a mensagem de Deus naquela noite. Lembro-me bem que era um pastor baiano, com o sotaque nordestino bem acentuado e de um português muito ruim. Ele leu a palavra do Senhor, em Gênesis 22, que fala sobre o sacrifício de Abraão. O pastor lia aquele texto e a mensagem penetrava em meu coração como fogo que ia destruindo toda a minha incredulidade. Notei que aquele pastor não possuía sabedoria humana; percebi que era um homem sem estudo e no meu orgulho pensei: “Agora eu quero ver! Ele não tem sequer um sermão escrito consigo, como ele vai explicar alguma coisa para essas pessoas?”
Ah, como eu me enganava! Eu pensava e cria que os servos de Deus falavam de si mesmos; porém, tive uma enorme surpresa, pois nessa hora, Deus começou a falar pela boca daquele seu servo e os quase cinqüenta membros que ali estavam não se continham e davam glórias a Deus e aleluia! Eram jovens, senhoras, anciãos, enfim, pessoas de varias idades, mas todas unidas em um só espírito, porque todos eles sentiam o poder de Deus e a virtude do Espírito Santo em suas vidas.
Eu, cheio de orgulho e soberba resistia em silencio, embora ouvindo palavras tão tocantes, como jamais ouvira em toda minha vida de vinte e dois anos. O pastor decorria o texto de uma maneira, que falava diretamente em meu coração. Cada palavra que ele dizia, penetrava mais profundamente a minha alma e eu pensava: “Eu nunca vi esse pastor; ele não conhece a mim, nem a minha família, como ele pode estar falando a respeito da minha vida?” O que eu não sabia, é que não era o pastor que falava e sim o Espírito Santo, que conhece todas as coisas.
Em dado momento, eu comecei a sentir algo diferente acontecendo comigo, dentro de minha alma; algo que eu nunca sentira entes; algo maravilhoso. Fechei os olhos e vi como que, serpentinas de fogo no ar, dentro da igreja; então comecei a ‘ver’, os meus pecados e as minhas misérias; os quais, até àquela hora e data, eu não havia sentido antes. Pela primeira vez, após tantos anos e muito tempo em minha vida, eu comecei a chorar. Chorei de arrependimento, por meus pecados, chorei por tudo que eu já fizera à mamãe, chorei pelo abandono e isolamento de minha família, que eu mesmo provocara e principalmente, chorei por haver magoado tanto a Jesus. Eu reconheci naquele, instante todos os meus pecados, que até aquela data de seis de julho de 1958, eu não havia reconhecido, pois não considerava-me um pecador. Como eu poderia ser um pecador, se confessava-me todos os domingos ao padre? Eu não tinha consciência, de que o único que poderia me perdoar e me absorver de todos os meus pecados, era Deus. Eu não sabia, que o único para quem eu deveria confessar os meus pecados, era Jesus.
Quando o pastor encerrou a mensagem, eram mais ou menos, nove e meia da noite, então, uma senhora bastante idosa que eu, é claro, não conhecia por ser a primeira vez que estava ali, começou a profetizar e ouve grande silêncio na igreja. Eu não sabia o que era profecia, nunca havia visto antes e sendo a primeira vez que entrava em uma igreja evangélica, tudo era novo para mim. Deus, através dela, começou a falar comigo, a respeito de minha vida. Eu sabia que era Deus; só podia ser Ele, pois eu não havia dito nada a ninguém que iria abandonar o meu lar, a minha família e, no entanto, aquela senhora estava falando coisas a meu respeito que só eu e Deus sabíamos. Eu era solteiro, cuidava dos negócios da minha mãe e sustentava a casa; ninguém poderia saber dos meus planos; porém, aquela senhora continuava a falar tudo a meu respeito e as palavras mais tocantes foram estas: “Não sabes tu que morri por ti, derramando o meu sangue na cruz do calvário? Por que rejeitas a salvação e o amor que te ofereço?” Foi nessa hora exata, que tomei a decisão de ser um salvo por Jesus; sim, agora eu queria ser um crente.
Ao terminar o culto, quando me dirigia para casa, eu já não ia mais pensando em abandonar o meu lar, mas sai dali com bons pensamentos e chorando pela rua feito criança. Sentia-me completamente modificado, com o meu corpo bem leve e algo me tocando, me acompanhando, algo para o qual eu não tinha explicação, pois, eu sequer sabia que algo assim existia. Algo tão maravilhoso e sobrenatural, que o homem natural não conhece, não sabe que existe, nem pode receber ou sentir, enquanto não aceitar a Jesus como único suficiente salvador de sua alma.

[editar] Outra versão para sua conversão

“Nas décadas de 80 e 90 era corrente na IPDA que David Miranda tinha se convertido na ‘Igreja Cristã Pentecostal Independente Maravilhas de Jesus’, fundada pelo pastor Leonel Silva. Um presbítero desta igreja, Fiorindo Valoto, que congrega nesta denominação há mais de 25 anos, confirmou que David Miranda se converteu naquela igreja.
O pastor Leonel Silva, em entrevista, relatou que David Miranda apareceu naquela noite de culto, com um violão na mão e embriagado, querendo aceitar a Jesus; o pastor convidou ele para retornar outro dia, porém sóbrio. No dia seguinte, retornou sóbrio e aceitou a Jesus no culto com o pastor Jonas da Cruz.
Leonel ainda informou que David Miranda congregou naquela igreja apenas por 06 meses, e que não foi batizado porque não estava preparado. O David Miranda queria ser logo pastor e isso não seria possível. Sendo assim, Miranda saiu da igreja, unindo-se a um presbítero semi-analfabeto que saíra da mesma denominação, originando assim a Igreja Pentecostal de Jerusalém”.

[editar] Sua nova trajetória

Enquanto ia para casa, entrei em uma rua de terra batida sem iluminação e não me contive; olhei para o céu e prometi a Jesus deixar todos os vícios e pecados. Rasguei minha carteira de cigarros que trazia no bolso, ajoelhei-me em plena rua e com lagrimas nos olhos perdi o perdão de Jesus. Então vi uma luz de cor inexistente aqui na terra, que cruzou o céu como um raio ou um cometa e veio em minha direção, parecendo que ia cair bem ali onde eu estava, ajoelhado em plena via pública.
Se eu já havia me sensibilizado por tudo o que ouvira na igreja durante aquela pregação, agora muito mais, pois senti que aquele sinal de luz, fora enviado por Deus, para que eu tivesse certeza de que o perdão e a salvação da minha alma estavam confirmados.
Pela Segunda vez então, naquela noite, eu não tive outra decisão a tomar e prometi abandonar tudo que não agrada a Deus e que eu estivera praticando.
Ao chegar em casa, mais ou menos às vinte e três horas, minha mãe já estava dormindo e eu fui para o meu quarto. Talvez, se ela estivesse acordada, eu teria contado a ela que havia aceitado a Jesus, ou talvez não, não sei dizer. A verdade é que aquela alegria que eu estava sentindo, era tão grande, que eu tinha vontade de gritar ao mundo inteiro que Jesus havia me recebido de braços abertos, me perdoara e me salvara.
Ao entra no meu quarto, deparei com as imagens de escultura que eu havia levado para lá, evitando que mamãe as quebrasse (eram de minha adoração). Foi nesse exato momento, olhando para aquelas imagens, que eu compreendi as atitudes de mamãe. O mesmo e inabalável desejo, que mamãe sentira, de quebrá-las, tomou conta de mim. Apanhei todas elas, coloquei em um enorme saco e segurando tudo aquilo firmemente nas mãos, dirigi-me a um terreno baldio que ficava próximo à minha casa. Ali mesmo quebrei todas as imagens, uma a uma, até a do famoso bom Jesus, que eu mais amava e que media setenta e cinco centímetros de altura.
Eu possuía também vários maços de baralhos, com diversificados tipos de jogos, pois gostava de jogar; naquele momento, porém, eu os rasguei, queimei e joguei fora junto com as imagens. Foram momentos decisivos em minha vida.
Por muito tempo eu cultivara uma revolta e ódio irracional contra os crentes, mas tudo aquilo de repente acabou; entretanto, ainda não havia tomado a coragem de contar à minha mãe, que agora eu também era um crente em Jesus.
Continuei indo todas as noites à igreja, mas ninguém em casa sabia que eu havia aceitado a Jesus. Quando me viam sair, pensavam que eu ia ao baile ou ao cinema. Eles nunca imaginariam que o David, aquele usado nas mãos do maligno para se revoltar e odiar a todos da família, agora também estava salvo por Cristo Jesus. Devido à minha grande incredulidade, o maligno, que é satanás, havia se aproveitado da minha fraqueza e jogara-me contra a minha própria família, de tal modo, que eu nem ao menos conversava com qualquer um deles e dentro daquela casa já não havia ambiente para mim; era por isso, que eu tinha vergonha de dizer que agora eu fazia parte daquele povo que eu tanto combatera.
Foi no dia doze de julho, num sábado de oração, que eu recebi o batismo com o Espírito Santo; já fazia uma semana que eu havia aceitado a Jesus e freqüentava a igreja regularmente, todos os dias.Na noite em que eu fui batizado com Espírito Santo, passei a noite na vigília e cheguei em casa as seis horas da manhã, fui dormir. Quando acordei, mais ou menos ás treze horas, senti o Espírito Santo sobre mim e comecei a ler a Bíblia. Cheguei a um texto em que não conseguia entender uma parte do que estava lendo, então fui ler para minha mãe, para que ela me explicasse aquele trecho.
Comecei a ler com voz trêmula, mas no meio do versículo, o Espírito Santo, se apoderou de mim em línguas estranhas e eu comecei a glorificar o nome do Senhor. Mamãe também deu glórias a Deus, alegre e surpresa, pois até então, ela não sabia que eu havia me convertido ao Senhor. Para dizer a verdade, ninguém em casa sabia que eu havia me convertido. Talvez eles desconfiassem que alguma coisa acontecera, pois o meu quarto, antes tão entulhado, agora estava limpo de todas as imagens; porém eles não me perguntavam nada. A bem da verdade, nós já quase nem nos falávamos mais, devido a tantas brigas dentro de casa por motivo de religião. Então, ninguém sabia ainda do ocorrido que transformara a minha vida.
Eles congregavam em outra igreja cuja denominação era diferente da minha. Ninguém em casa, falava mais do evangelho para mim, porque falar comigo sobre esse assunto, era briga na certa. Naquele instante, porém, o Espírito Santo fez-me confessar pelas línguas estranhas que eu proferia, que eu era um novo convertido em Jesus Cristo. Daquele dia em diante, todos puderam notar a mudança completa que Jesus fez em minha vida. O meu exterior brilhava, transmitindo a alegria que transbordava do meu interior. Deus, na sua onisciência, podia ver a sinceridade, o anseio e a alegria em servi-lo, em meu ser.
Eu não faltava um dia sequer aos cultos, pois cada um era mais maravilhoso a mim do que o anterior e também não perdia uma vigília, pois o Espírito Santo, dava-me enorme prazer e força para orar, jejuar e buscar os excelentes dons de Deus; até que fui batizado nas águas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Nada podia me tirar daquele jubilo em que eu me encontrava. Trabalhar, para mim, agora era algo supérfluo, mesmo que disso dependesse a minha vida material. O meu desejo agora, era estar continuamente com Jesus, em todos os lugares, em todos os momentos e em cada segundo eu queria dedicar a Deus. O que eu sentia na minha vida, era algo tão sublime e maravilhoso, que todo e qualquer instante, para mim, era próprio para sentir a presença de Deus ao meu lado, junto comigo.
No meu emprego, na hora do almoço, ao invés de ir para o refeitório com os outros, eu me trancava no banheiro e ficava orando baixinho e mesmo assim, sentia fortemente a presença de Deus. Aquele algo mais, que invadia a minha alma, era algo inexplicável e seria preciso reunir a todos os grandes sábios e cientistas da terra para explicarem o fenômeno e ainda assim, eles não saberiam dizer; porque o mistério divino da salvação, não há sabedoria humana, por mais profunda que seja, que o alcance em poder, em glória, em majestade e em fulgor.
Mesmo antes de descer as águas batismais, eu já havia sido batizado com o Espírito Santo e, para completar a minha alegria, recebi o dom da palavra. Havia na igreja em que eu congregava, um grupo de jovens que evangelizava todos os fins de semana em praças púbicas. Lembro-me que esse grupo de jovens, era composto por servos fiéis ao Senhor e que gostavam e se preocupavam em buscar os dons de Deus. Esses jovens, tinham renunciado às coisas que agradam a carne, para dedicar a vida a Jesus.
Integrei-me ao grupo e estava bastante feliz em fazer parte daquele trabalho de evangelização, onde se podia notar o anseio de ganhar almas para o Reino de Jesus. Eu me sentia bem no meio deles, pois o meu intuito era também, já naquela época, como é até hoje, ganhar almas para o nosso Senhor Jesus Cristo.
Como de costume, antes de sairmos para pregar, nos reuníamos na igreja para orar e nessas reuniões, eu era o primeiro a chegar, pois sentia grande prazer e regojizo na oração desde de o inicio da minha conversão. Lembro-me como se fosse hoje, um dia que se tornou muito especial para mim; era um sábado e nós iríamos pregar na Estação da Luz em São Paulo.
Estávamos, a maioria, em consagração a Deus; oramos e após fazermos os preparativos, saímos, ansiosos para falar às pessoas ainda não crentes, do amor de Jesus. Já estávamos no ônibus, quando nos lembramos que não havíamos escolhido ninguém para ser o mensageiro naquele dia; comentamos o assunto e não nos preocupamos mais, porque sabíamos que no momento oportuno, Deus, na sua infinita misericórdia, nos indicaria qual de nós seria o instrumento usado em suas mãos, para falar do seu poder maravilhoso.
Já estávamos na praça da Estação da Luz, eram mais ou menos, dezesseis e trinta horas. Um pouco antes de lermos a Bíblia e darmos inicio á mensagem, foi me dada uma oportunidade de relatar a minha conversão; como eu ainda não recebera o dom da palavra, senti um certo receio de não conseguir transmitir às pessoas que ali estavam, a minha conversão, de maneira satisfatória.
Na hora dos louvores em que o grupo todo estava cantando, eu havia me alegrado e cantado junto também, mas aquele momento era o de maior importância, era a segunda parte da concentração e esperávamos que Deus falasse de uma maneira bem tocante conosco, de tal forma que pudéssemos transmitir a todos aqueles que haviam parado para nos ouvir, a alegria, o regozijo que nos invadia, por termos a Cristo em nosso ser.
Desde de que me convertera, eu vinha pedindo a Deus, durante minhas orações, um dom especifico, ou seja, eu não estipulava o dom que gostaria de receber de suas mãos, mas eu pedia um dom que lhe conviesse e que servisse para ajudar ainda mais, à sua obra.
Na hora em que eu fui chamado para relatar o meu testemunho, eu não rejeitei, pois mesmo sem ter o dom da palavra, eu gostava de contar a todos a minha conversão que, para mim, era algo exclusivo e que não ocorrera com mais ninguém além de mim. Não era egoísmo de minha parte, ou alguma presunção minha, mas realmente parece que ninguém se sentia como eu, desde a minha conversão, até aquele instante. Eu costumava relatar o testemunho em dez minutos, nas oportunidades anteriores e pensava agir da mesma forma naquele instante, porém no meio do relato senti desejo de ler a Bíblia e os dez minutos que eu pensava serem necessários para dizer o que eu pretendia, pareceram muito poucos. Abri a Bíblia no livro de Tiago e comecei a discorrer o texto e sobre ele falei mais ou menos, uma hora sem que me faltassem palavras. Na verdade, eu encerrei a pregação porque já escurecia. Foi assim que eu recebi o dom da palavra.
Ao relatar aqui em poucas palavras, o modo como Deus me concedeu esse dom, pode parecer ter sido bastante fácil, mas não foi. Eu vivia em constante jejum e oração a esse favor, ou seja, para que Deus me concedesse um dom que lhe conviesse. Nesse dia em que recebi o dom da palavra, havia mais de vinte e quatro horas que eu estava de jejum; eu havia iniciado o jejum a Deus na sexta-feira ao me levantar e já estávamos no dia de sábado as dezesseis e trinta horas. Eu realmente busquei com muita sinceridade de coração os dons preciosos do Senhor, porque eu sabia que se tivesse apenas um dom de Deus, que fosse, nada poderia me deter e o meu intuito era, e é até hoje, derrotar a satanás; esse anjo do mal que escraviza e acorrenta suas vítimas, trazendo grande sofrimento à humanidade até hoje.

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